Ombro e cotovelo

Fratura no ombro: o que devo saber sobre o tratamento?

fratura no ombro

A fratura no ombro ocorre com relativa frequência em pessoas de qualquer idade, desde crianças até idosos. Isso porque todos nós, independentemente da faixa etária, estamos sujeitos a quedas e acidentes. Um tombo no playground do condomínio, uma queda de mau jeito no futebol com os amigos ou um simples escorregão no chuveiro já pode ser suficiente para fraturar algum dos ossos que integram o ombro.

É muito importante saber identificar a possibilidade de ocorrência de uma fratura no ombro, uma vez que a demora no tratamento adequado pode implicar em uma série de outros problemas de saúde que impactam negativamente a qualidade de vida do paciente.

A seguir, portanto, vamos nos dedicar a esclarecer as dúvidas mais frequentes relacionadas a este tipo de fratura, incluindo os métodos de tratamento. Continue com a gente!

A estrutura do ombro

A parte do corpo humano que chamamos de ombro é composta por três ossos: o úmero, a escápula (também chamada de omoplata) e a clavícula. Úmero é o osso do braço que se une ao tronco na região onde existe a escápula, osso localizado na porção lateral superior do tórax. A clavícula, por sua vez, é o osso que conecta os braços à caixa torácica. Todos esses ossos estão presentes em pares no corpo humano.

Como ocorre a fratura no ombro

Via de regra, a fratura é resultado de um impacto causado por queda ou qualquer outro tipo de acidente. Sempre que ocorrer a ruptura de um dos três ossos acima mencionados, estaremos diante de um episódio de fratura no ombro. A mais comum é a fratura da cabeça do úmero (úmero proximal), osso que costuma absorver a maior parte do choque durante uma queda ou acidente.

As fraturas de clavícula são menos frequentes do que as fraturas do úmero proximal. Contudo, acabam tendo incidência significativa entre praticantes de atividades que envolvem velocidade, como ciclismo e motociclismo, e esportes nos quais existe muito impacto, como o rugby e a maioria das modalidades esportivas de combate corpo-a-corpo.

Por estar localizada em uma região mais interna e ser protegida por tecidos musculares, a escápula geralmente só é fraturada em casos de traumas muito severos, como em acidentes automobilísticos.

Sintomas da fratura no ombro

Independentemente de qual osso tiver sofrido fratura, três sintomas podem estar presentes de forma isolada ou simultânea: dor, inchaço e o surgimento de hematomas. Contudo, alguns sinais são mais característicos de determinados tipos de fraturas.

Lesões no úmero comprometem bastante a mobilidade do ombro e costumam impedir o paciente de erguer e movimentar o braço. Já a fratura da clavícula impossibilita a elevação do ombro e pode gerar uma sensação de atrito na região. Raramente a fratura da escápula ocorre sem que também tenha havido a fratura de algum outro osso, o que torna mais difícil isolar os seus sintomas. De todo modo, é comum a presença de uma certa rigidez nesta parte do corpo.

Muitas vezes, também, uma fratura no ombro pode acarretar deformidades ou alterações na região capazes de serem constatadas a olho nu. É relativamente comum, por exemplo, o ombro lesionado ficar mais alto ou mais baixo em relação ao outro, bem como haver algum tipo de saliência anômala.

Tratamentos não cirúrgicos

Em geral, os tratamentos da fratura no ombro variam de acordo com a gravidade da lesão e o osso lesionado, bem como a idade e o estado de saúde do paciente. Após ser avaliado por um médico ortopedista, que conta com o auxílio de exames de imagem, o paciente recebe um diagnóstico preciso e a indicação da terapia mais adequada.

Em muitos casos, o tratamento se resume à imobilização do ombro e braço na posição correta, mediante a utilização de uma tipoia. Às vezes, é necessário primeiro realizar a redução, ou seja, colocar o osso na posição original. Paralelamente, são ministrados analgésicos e anti-inflamatórios para evitar que o paciente sinta dor.

Geralmente, em cerca de quatro a seis semanas, o osso já está plenamente consolidado, iniciando-se a etapa de reabilitação mediante sessões de fisioterapia que visam devolver mobilidade, amplitude de movimentos e força.

Tratamento cirúrgico

Quando ocorre o deslocamento significativo de fragmentos fraturados, geralmente é recomendada a realização de cirurgia. As fraturas são reparadas com a utilização de placas e parafusos.

Atualmente são utilizadas placas confeccionadas com material de rigidez e resistência apropriadas para o reparo da fratura, mas que também contam com formato anatômico. Com elas, garante-se a consolidação do osso fraturado e a recuperação plena da amplitude de movimentos.

Quando a fragmentação do osso é muito acentuada, o que é relativamente comum em pacientes idosos, existe a necessidade da inserção de uma prótese. Às vezes, também é preciso realizar o enxerto a partir da retirada de material ósseo da bacia ou da fíbula.

Na maior parte das vezes, a cirurgia é realizada com anestesia geral, mas, em alguns casos, é possível utilizar somente anestesia local. No tratamento de fraturas do úmero proximal e da clavícula, as mais comuns, a cirurgia geralmente dura no máximo uma hora e o paciente costuma ter alta hospitalar em 24 horas.

Após o procedimento, são adotadas as mesmas etapas do tratamento não cirúrgico, mantendo-se o ombro imobilizado por, pelo menos, quatro a seis semanas, visando reduzir a chance de rigidez articular, e iniciando-se a fisioterapia em seguida.

O grau de sucesso neste tipo de cirurgia é muito elevado. A maioria dos pacientes que se dedica ao processo de reabilitação readquire integralmente os movimentos, a sensibilidade e a força do ombro e braço afetados.

Consequências da fratura no ombro não tratada corretamente

Naturalmente, qualquer espécie de fratura proporciona um decréscimo na qualidade de vida, e com as fraturas no ombro não é diferente. A autonomia e independência do paciente são extremamente prejudicadas. Atividades corriqueiras do cotidiano, como dirigir, tomar banho e até mesmo escovar os dentes, tornam-se um verdadeiro martírio por causa da dor ou fisicamente impossíveis de serem realizadas.

Contudo, as fraturas no ombro podem produzir uma série de outros problemas de saúde que as tornam ainda mais nocivas se não forem tratadas adequadamente. O paciente pode começar a apresentar problemas vasculares e neurológicos na região afetada. O braço pode perder força e sensibilidade, além de ter a sua mobilidade extremamente reduzida. Em alguns casos, quando o nervo radial é comprometido pela fratura, até mesmo a mão está sujeita à perda de movimento.

Se você ainda permanece com alguma dúvida sobre qualquer assunto relativo à fratura no ombro, não hesite em entrar em contato com o IMOT — Instituto Mineiro de Ortopedia e Traumatologia.

Sobre o autor

DR. THALLES LEANDRO ABREU MACHADO

CRMMG 45.610

Graduado em Medicina pela Universidade Severino Sombra (2007), Residência em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital Madre Teresa (2011), Especialização em Cirurgia do Ombro e Cotovelo pelo Hospital Madre Teresa (2012). Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (2012), Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (2013). Membro da Academia Americana de Ortopedia (2016). Cirurgião do Ombro e Cotovelo dos Hospitais Vila da Serra, Unimed BH Contorno, Ipsemg. Preceptor das residências médicas dos Hospitais Unimed BH e Ipsemg. Mestrando em Cirurgia na UFMG (2018).