Joelho

Seu joelho sai do lugar? Entenda o que pode estar ocorrendo!

joelho sai do lugar

Ao caminhar você sente uma forte pressão na perna e acha que seu joelho sai do lugar. Esse cenário faz parte da rotina de muitas pessoas que sofrem de instabilidade patelar.

No post de hoje, separamos algumas informações importantes sobre essa que é uma das ocorrências ortopédicas mais comuns na região do joelho. Confira!

Instabilidade patelar: o que é?

A patela é um osso em forma de triângulo que se localiza na região do joelho. Basicamente, sua função é cobrir e proteger essa articulação. Antigamente, especialistas e médicos se referiam a esse osso como rótula ou patela, porém, atualmente, o nome rótula está extinto e o termo utilizado passou a ser somente patela. 

Quando ocorre a instabilidade patelar, significa que ocorreu um deslocamento de posições e a patela saiu de seu eixo de movimento, ocasionando em perda de funcionalidade. 

A patela também pode se mover parcialmente, saindo de seu eixo, mas mantendo-se dentro dos limites da articulação, causando uma subluxação.

Na maioria dos casos, as luxações são produto de grandes impactos ou movimentos de torção no joelho. Geralmente, a patela volta ao seu devido lugar de maneira fácil, por meio de uma extensão da articulação, porém, essa manobra é bastante dolorosa. 

As luxações e as instabilidades na patela são mais comuns entre as mulheres jovens. Por apresentarem mais diferenças anatômicas que os homens, elas estão mais suscetíveis a desenvolverem esse problema. 

Alguns fatores aumentam o potencial de risco para a instabilidade patelar. Veja alguns deles, abaixo:

  • pouca força do VMO — Vasto Medial Oblíquo (VMO) é um dos músculos que compões o músculo quadríceps. Uma de suas funções é manter a patela na posição correta enquanto o joelho se movimenta. Se ele não estiver forte o suficiente, pode deixar a articulação mais suscetível à luxação;

  • ângulo Q — também conhecido como ângulo femoral, em algumas pessoas, essa parte do corpo é maior que o normal, ocasionando uma postura mais característica chamada de joelho valgo, ou seja, joelhos bem juntos. Dessa maneira, quando a pessoa estica a perna, sua patela é puxada para fora, o que aumenta as chances de se ocorrer uma luxação;

  • pronação excessiva do pé ou pé plano — anomalia que se dá na estrutura do pé, se desenvolve ainda nos primeiros passos dos bebês. Nesses casos, a sola dos pés toca o chão por inteiro (ou quase) na pisada;

  • patela alta — posição mais alta no joelho que o normal;

  • tróclea rasa — tróclea é região no fêmur em que a patela se localiza, por isso, se ela não tiver profundidade ou se suas paredes forem planas a patela não tem espaço suficiente para se escorar;

  • Medições TA GT — TA significa Tuberosidade Anterior da Tíbia e GT significa Garganta de Tróclea. Suas medidas são obtidas por meio de uma tomografia computadorizada do joelho, que verificará a distância que as linhas do TA e do GT percorrem entre si. Seu resultado avaliará se há um deslocamento de TA para a face externa da perna, o que facilitaria um deslocamento da patela. 

Além disso, lesões causadas por atividades esportivas, como entorses, podem levar a luxação da patela. Elas podem romper o principal estabilizador da patela, o ligamento patelofemoral medial (LPFM), ocasionando uma luxação. 

Uma lesão do LPFM, deixa o joelho mais propício a novos casos de luxação caso ocorra outras rotações do membro. Eventos comuns àqueles que praticam esportes ou danças, por exemplo. 

Sintomas da instabilidade patelar

Dor intensa. Esse é o sintoma mais comum e, obviamente, perceptível da luxação da patela. Em alguns casos, dá para notar a olho nu, já que a patela estará fora de seu encaixe normal e será necessário realizar algumas manobras para voltá-la a sua posição. Mas, em outros, o movimento é tão rápido que não dá para ser visto — mas sempre dá para sentir. 

Já a instabilidade patelar, porém, ocorre um pouco diferente, apenas em casos de luxação. Pacientes que apresentam instabilidade, geralmente, evitam a prática de esportes ou atividades físicas em geral, por medo do deslocamento da patela. Eles estão sempre com a sensação de que esse osso “quase saiu do lugar”. 

Inchaço na articulação do joelho ou dores na hora de se mover também pode indicar problemas na patela, como uma subluxação. Por isso, é sempre bom procurar um médico e garantir um raio-x. 

Como é feito o diagnóstico?

A instabilidade patelar pode ser diagnosticada por meio de exames clínicos ou exames específicos, como a radiografia e a tomografia.

Os dois últimos conseguem ver com precisão as alterações no formato do joelho que contribuem para a luxação, além de identificar quais são elas. A ressonância magnética também pode ajudar a identificar lesões nos ligamentos e na cartilagem. 

E, claro, em caso de dor na região da patela, é sempre recomendável procurar, imediatamente, um médico. O profissional poderá realizar um diagnóstico preciso, além de identificar causas e trabalhar na prevenção e melhor tratamento. 

Quais os tratamentos indicados?

Os tratamentos de instabilidade patelar devem ser feitos de forma individual e específica, levando em consideração a idade, a profissão e o grau da doença em que o paciente se encontra. 

No tratamento sem cirurgia, conservador, recomenda-se a prática da fisioterapia, visando fortalecer os músculos mediais e contribuir para que a tróclea se posicione corretamente. Também é esperado que a fisioterapia ajuda no encaixe natural da patela.

Essa é opção é indicada para pacientes acima dos 30 anos, com histórico de pouca prática de atividades físicas.

Já para pacientes mais jovens, que tenham hábitos físicos mais ativos e regulares, o tratamento via procedimento cirúrgico é o mais recomendado. Àqueles que já passaram por fisioterapia, mas que ainda têm algum tipo de instabilidade, também devem passar pelo tratamento cirúrgico. 

Nesses casos, é necessário separar os traumas das alterações anatômicas e trabalhá-los como casos distintos. Quando a causa da instabilidade for traumática, o objetivo da cirurgia é a reconstrução do ligamento paletofemoral medial (LPFM).

Já em casos de alterações anatômicas, o procedimento cirúrgico deve não só reconstruir o LPFM, mas, também, corrigir as alterações que contribuem para o aumento da instabilidade. Geralmente, são realizadas correções na posição da TA ou, em pouquíssimos casos, na tróclea femoral. 

Se você possui algum fator de predisposição para desenvolver instabilidade patelar deve ficar atento e tomar muito cuidado. Fortalecer a musculatura do corpo, tendo atenção especial com o joelho, é essencial para prevenir esse tipo de lesão.

E fique atento: mesmo que, em alguns casos, mesmo quando o joelho sair do lugar e voltar rapidamente, é importante saber que, depois da primeira ocorrência, as chances disso acontecer novamente aumentam. 

E você? Já passou por alguma situação em que o joelho sai do lugar? Compartilhe com a gente nos comentários. 

Sobre o autor

DR. EDUARDO LOUZADA DA COSTA

CRM - MG 46.264

Graduação em Medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Especialização e pós graduação em Cirurgia do Joelho (FELUMA), Mestrado em Cirurgia na Faculdade de Medicina da UFMG, Fellow em Sports Medicine na Stanford University (California - USA), Coordenador do serviço de Cirurgia do Joelho do Hospital da Unimed - BH. Preceptor da Residência Médica do Hospital da Unimed - BH.