Joelho Ombro e cotovelo

Rompimento de ligamento: causas, tratamentos e prevenção

homem com rompimento de ligamento

Os ligamentos do corpo humano são feitos de tecido fibroso, muito resistente e pouco elástico. Sua função é unir um ou mais ossos, o que protege e estabiliza as articulações do corpo. Seu papel é desempenhado de forma passiva, ou seja, os ligamentos não se movem como os músculos para exercer seu papel mecânico.

Essas estruturas possuem diversos receptores capazes de detectar dor, estiramento e a velocidade e o movimento das articulações. As informações são repassadas para o cérebro, que as encaminha ao músculo para que os movimentos sejam dosados.

No entanto, apesar desse mecanismo, movimentos abruptos ou excessivos podem produzir um estiramento no tecido ligamentar, o que ocasiona sua distensão ou ruptura.

Saiba, neste post, como acontece um rompimento de ligamento, quais são os tipos mais comuns, suas causas e como tratar o problema. Boa leitura!

Lesão do Ligamento Cruzado Anterior (LCA)

O joelho humano é composto da articulação do osso fêmur (da coxa) com a tíbia (da perna) e do fêmur com a patela (osso triangular que fica na parte anterior do joelho). Além disso, contém quatro ligamentos: cruzado anterior, cruzado posterior, colateral medial e colateral lateral. A estrutura também possui dois meniscos (medial e lateral), cartilagem articular e membrana sinovial.

No entanto, o LCA, ou ligamento cruzado anterior, é o mais acometido entre os ligamentos. Sua lesão acontece quando há um mecanismo de desaceleração súbita, como quando o indivíduo chuta o ar em vez da bola ou quando um lutador chuta seu adversário. Além disso, essa lesão pode acontecer quando há hiperextensão do ligamento, como, por exemplo, quando uma pessoa fixa para chutar uma bola e gira o corpo.

Desse modo é possível enxergar que a lesão de LCA é comum em jogadores de futebol, visto que essa é uma prática que exige movimentos rápidos dos joelhos.

O ligamento pode se romper parcialmente ou totalmente. É comum que os rompimentos parciais tenham maior manifestação de dor, pois há maior ativação de receptores. O quadro também é acompanhado de contratura muscular e inchaço na região. O joelho pode ficar instável, ou seja, a pessoa sente sensação de falseio ao andar ou o joelho se desloca.

O tratamento consiste em cirurgia para os rompimentos totais. Em alguns casos de rompimento parcial, a fisioterapia pode ser abordada em um primeiro momento para tentar corrigir o problema.

Luxação da patela

A patela é um osso móvel localizado na parte anterior do joelho. Ela faz parte do mecanismo extensor do joelho, que também é formado pelo músculo quadríceps e o tendão patelar. Ela apresenta maior mobilidade quando o joelho está relaxado e em extensão.

A saída da patela de seu local anatômico é chamado de luxação patelar. Ela pode ocorrer em pessoas que possuem joelhos anatomicamente normais, mas é mais comum em pessoas que possuem a patela muito inclinada ou alta, patela displásica, hipotonia muscular ou frouxidão dos ligamentos do joelho.

Ela também pode ocorrer após um trauma indireto (entorse de joelho) ou um traumatismo direto (pancada). Os sintomas incluem muita dor, que só é aliviada quando a patela volta para seu local. Em alguns casos ela retorna espontaneamente, mas pode ser preciso realizar intervenção cirúrgica.

Luxação do cotovelo

Os ossos que formam o cotovelo são o úmero, a ulna e o rádio. A ulna e o rádio estão no antebraço, enquanto o úmero constitui o braço. Existem pequenos ligamentos entre eles, sendo um em dobradiça entre a ulna e o úmero e outra articulação entre o rádio e o úmero que possibilita a rotação do braço.

A luxação do cotovelo acontece após um trauma, sendo a queda com mão espalmada e o cotovelo esticado a causa mais frequente, ocorrendo lesões dos ligamentos. Os sintomas incluem incapacidade funcional e dor, podendo ocorrer deformidades ósseas visíveis.

Em grande parte dos casos é possível colocar o cotovelo no lugar sem cirurgia. No entanto, quando há fraturas complexas, pode ser necessário operação.

Ruptura do Manguito Rotador e luxação do ombro

ombro é uma das estruturas mais complexas do corpo, visto que possibilita aos braços uma grande variedade de movimentos. Ele é composto pelos ossos escápula, úmero e clavícula. A grande amplitude de movimentação ocorre porque uma parte da escápula, chamada glenoide, está em contato direto com uma parte do úmero, chamada de cabeça.

O manguito rotador liga o úmero à escápula, sendo formado por quatro tendões de músculos. A sua ruptura pode ocorrer em atletas arremessadores, como no beisebol, jogadores de tênis e em arremessos de peso à distância. Além disso, uso de força excessiva também pode rasgar essa estrutura, o que pode ocorrer na academia ou em uma simples tarefa em casa.

Essa lesão pode causar dor e inchaço no ombro, além de limitar os movimentos dos braços. A dor é do tipo queimação e irradia para o braço, mas pode não ser sentida em casos de ruptura parcial. A primeira opção de tratamento é conservadora, com medicamentos e fisioterapia, se o rompimento for apenas em uma parte.

No entanto, quando há lesão completa do manguito rotador, a pessoa precisará de cirurgia, visto que ele não cicatrizará sozinho. O objetivo é devolver ao ombro toda a sua amplitude de movimentos.

Outra lesão comum que acontece no ombro é a luxação, ou seja, deslocamento completo da articulação. Ela é comum em esportes de contato, como o futebol ou que exigem muito dos braços, como a natação. Os sintomas incluem hematomas, dor intensa, dificuldade de mover o ombro e deformidades em sua estrutura. Normalmente o médico consegue colocar o ombro no lugar e, após imobilização por alguns dias, há recuperação total.

Técnica cirúrgica

Atualmente, as cirurgias são realizadas por meio de vídeos, em que é necessário um número reduzido e menor de incisões, o que contribui para o melhor aspecto após o procedimento.

A artroscopia é um procedimento em que o médico olha dentro da articulação por meio de um equipamento chamado artroscópio. O equipamento possui uma haste com uma câmera e luz na ponta, sendo da grossura de um canudo, que penetra na articulação e observa os tendões, ligamentos e demais estruturas.

Após observação, o profissional insere outros equipamentos por meio de pequenas incisões e realiza os reparos necessários. Dessa forma, a cirurgia é mais segura, visto que o médico não precisa fazer um corte grande, expondo o paciente a um maior risco de infecção. Além disso, a recuperação é mais rápida.

E então, você entendeu como acontece um rompimento de ligamento? Já passou por essa situação? Conte sua experiência no espaço para comentários abaixo!

Sobre o autor

DR. THALLES LEANDRO ABREU MACHADO

CRMMG 45.610

Graduado em Medicina pela Universidade Severino Sombra (2007), Residência em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital Madre Teresa (2011), Especialização em Cirurgia do Ombro e Cotovelo pelo Hospital Madre Teresa (2012). Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (2012), Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia do Ombro e Cotovelo (2013). Membro da Academia Americana de Ortopedia (2016). Cirurgião do Ombro e Cotovelo dos Hospitais Vila da Serra, Unimed BH Contorno, Ipsemg. Preceptor das residências médicas dos Hospitais Unimed BH e Ipsemg. Mestrando em Cirurgia na UFMG (2018).