É menos raro do que se imagina o deslocamento do ombro, condição denominada luxação do ombro pela literatura médica. Ela pode ocorrer por diversas causas: um acidente automobilístico, um tombo, um movimento brusco realizado durante alguma atividade esportiva ou o levantamento de peso de maneira incorreta.
Muitas vezes esse problema pode ser contornado por meio de imobilização e fisioterapia, mas em algumas circunstâncias a cirurgia de luxação do ombro se torna necessária.
A seguir, vamos fornecer todas as informações necessárias para você identificar se pode ter sofrido uma luxação do ombro, conhecer a importância de um diagnóstico correto e as principais formas de tratamento deste problema de saúde. Acompanhe!
O que é a luxação do ombro
O ombro é composto por três ossos: clavícula, omoplata e úmero, o osso do braço. A parte onde o úmero se conecta à omoplata é denominada articulação glenoumeral.
Ocorre a luxação do ombro quando, por qualquer motivo, a cabeça do úmero se desloca, saindo da cavidade da omoplata onde normalmente está encaixada. Dependendo da direção em que ocorre o deslocamento, a luxação do ombro pode ser classificada como anterior, posterior, superior ou inferior.
Quando o úmero não perde completamente o contato com a cavidade da omoplata, falamos em subluxação do ombro. Não raro, ele retorna sozinho para a posição correta. Nestes casos, embora a dor cesse automaticamente ou seja bastante amenizada com a reversão do deslocamento, existe o risco de surgirem outros problemas de saúde, como veremos mais adiante.
Nos pacientes jovens, o mais comum é ocorrer lesões capsulolabrais, principalmente na região anteroinferior na luxação anterior do ombro, denominada lesão de Bankart.
Nos mais velhos, cerca de 80% dos pacientes acima de 60 anos de idade apresentam ruptura do manguito rotador quando sofrem luxação do ombro. Nesses casos é indicado o tratamento cirúrgico.
Quais são os principais sintomas da luxação do ombro
O paciente que sofreu a luxação do ombro apresenta dores fortes na região, que geralmente irradiam para o braço e o pescoço. A posição do ombro dolorido é afetada, o que pode ser facilmente constatado comparando com o outro ombro.
Movimentar o braço conectado ao ombro lesionado torna-se uma tarefa quase impossível por causa das fortes dores. Geralmente, o paciente prefere manter o braço colado ao tronco, pois esta posição ameniza a dor. Também é comum o surgimento de inchaço e edemas no local contundido.
Qual a importância do diagnóstico correto
Havendo qualquer motivo para acreditar que uma luxação ou subluxação do ombro possa ter ocorrido, é imprescindível consultar um médico ortopedista de confiança o mais rapidamente possível. Isso porque as consequências da falta de tratamento tempestivo e adequado podem ser graves.
Com a luxação, podem ocorrer lesões no manguito rotador, o conjunto formado por músculos e tendões que permite a ampla movimentação do braço e do ombro. Também podem surgir lesões no nervo musculocutâneo e no nervo axilar, com potencial para reduzir a sensibilidade e a força do braço.
Outras consequências indesejadas e recorrentes no caso de luxações do ombro negligenciadas são a ocorrência de uma nova luxação posteriormente, dores ainda mais intensas e a limitação dos movimentos. Além disso, a luxação não tratada favorece o surgimento da artrose precoce.
A partir de um exame clínico e do auxílio de exames de imagem, como raio x, ressonância magnética e tomografia computadorizada, o médico ortopedista tem plenas condições de realizar o diagnóstico correto, identificar a gravidade da lesão e já indicar o tratamento mais adequado.
Quais são as formas de tratamento
Redução
A primeira providência é recolocar o ombro no lugar correto, o que é feito por meio de um procedimento mecânico denominado redução. Ele é executado pelo ortopedista e muitas vezes exige analgésicos ou até anestesia para que o paciente não sofra com a dor. Após a redução, normalmente são realizados novos exames de imagem para confirmar o sucesso do procedimento.
Imobilização
Após a redução é necessário imobilizar o ombro utilizando-se uma tipoia para manter o braço junto ao tronco. Esta providência favorece a recuperação dos tecidos do ombro e ajuda a evitar a ocorrência de novos incidentes. Paralelamente, são ministrados analgésicos e anti-inflamatórios para contornar a dor, além de aplicações de gelo na área lesionada.
Atualmente, no caso de uma luxação aguda, recomenda-se a imobilização com tipoia por um período curto, que varia entre dez e 14 dias. Essa prática faz com que o paciente readquira os movimentos mais cedo e evita a rigidez do ombro.
Fisioterapia
Encerrado o período de imobilização, tem início o processo de reabilitação. Ele visa devolver amplitude de movimentos, mobilidade e força ao paciente, além de estabilizar as articulações do ombro. A reabilitação consiste em sessões de fisioterapia com exercícios de alongamento e fortalecimento muscular que podem durar vários meses, dependendo de cada caso.
Cirurgia
A intervenção cirúrgica é necessária nos casos em que a gravidade da lesão não permite a realização do procedimento de redução. Também há indicação de cirurgia de luxação do ombro quando se tratar de pacientes jovens e ativos fisicamente, como atletas e esportistas, uma vez que o procedimento reduz sensivelmente a reincidência do problema.
Pacientes que já foram tratados apenas com redução, imobilização e fisioterapia, mas voltaram a sofrer luxação do ombro, também apresentam perfil compatível com a realização de cirurgia.
Como é a cirurgia de luxação do ombro
Grande parte das intervenções cirúrgicas para reparar a luxação do ombro é realizada mediante artroscopia, com no máximo quatro incisões de cerca de 1cm cada. Por ser um procedimento pouco invasivo, o pós-operatório é menos doloroso e a reabilitação, mais rápida.
Contudo, a pertinência do tratamento cirúrgico mediante artroscopia deve ser avaliada em cada caso, pois há lesões ósseas associadas que contraindicam esse tipo de procedimento.
A cirurgia consiste em reparar o lábio, fibrocartilagem que tem como principal função dar estabilidade à articulação do ombro, e em retensionar os ligamentos glenoumerais com o auxílio de pequenos parafusos absorvíveis (âncoras) que são fixados no osso. Atualmente as âncoras utilizadas são de poliéster, que agridem menos o osso e a articulação.
Em pacientes que sofreram lesão óssea de maior magnitude, geralmente é realizada uma cirurgia de bloqueio ósseo, conhecida como Bristow ou Latarjet. Retira-se uma porção do osso coracóide, na articulação do ombro, e com ela é feito um enxerto na área lesionada mediante a inserção de dois parafusos que impedem a ocorrência de novas luxações.
É uma cirurgia com grande índice de resultados positivos e que devolve a qualidade de vida ao paciente, sobretudo no que diz respeito à prática de atividades esportivas e à eliminação de episódios de dor. Contudo, o procedimento exige alto grau de especialização e experiência, razão pela qual é fundamental contar com um ortopedista de confiança.
Agora você já sabe o que é a cirurgia de luxação do ombro, quando ela é necessária e de quais formas pode ser realizada.
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