Saúde e bem estar

Devo usar frio ou quente para dor muscular? Descubra agora

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Não é novidade para ninguém que várias pessoas não dão ouvidos à ciência na hora de tratarem seus problemas de saúde, o que acaba tornando lesões simples muito mais incômodas com o passar do tempo. Diante dessa realidade, saber se devemos usar frio ou quente para dor muscular pode ser muito importante.

Muita gente aposta no uso de compressas de qualquer maneira, sem compreender quais são os reais mecanismos fisiológicos que podem se beneficiar com as temperaturas elevadas ou baixas.

Quer saber mais sobre o tema? Confira o conteúdo que preparamos a seguir e tire suas dúvidas!

Por que saber usar frio ou quente para dor muscular?

Sempre que o nosso corpo sofre um trauma ou é exposto a algum quadro que cause dor ou desconforto, o correto é procurar por um médico para fazer a devida avaliação. No entanto, sabemos que não é isso que acontece na realidade e, até mesmo por conta da rotina corrida da maioria das pessoas, apostamos em tratamentos mais práticos.

Nesse contexto, o uso de frio ou quente para dor muscular é bastante comum e, dependendo do caso, capaz de proporcionar benefícios interessantes. Em casos mais corriqueiros, você pode não atentar à temperatura, mas é imprescindível saber qual das duas técnicas é a ideal para melhorar ou minimizar o problema em questão.

Qual é a ação da baixa temperatura no corpo humano?

Antes de qualquer coisa, é preciso compreender como o frio age quando tomamos uma pancada ou estamos com inchaços em determinadas partes do corpo. A redução da temperatura diminui o fluxo sanguíneo da área afetada e isso ajuda a fazer com que menos mediadores inflamatórios cheguem até ali, desinchando a região.

Como se não bastasse, há um interessante efeito analgésico, que se inicia aproximadamente depois de cinco minutos de contato. O uso correto do frio pode ajudar uma pessoa a se recuperar mais rapidamente de uma lesão discreta nas articulações ou traumas mais leves, mas é preciso saber que tal medida não regenera os tecidos ou substitui a ajuda de um médico.

O mais importante a ser entendido é que o frio é muito mais útil na fase aguda, podendo ser empregado em até 48 horas depois da lesão. Depois de uma corrida prolongada ou um exercício intenso, por exemplo, a compressa ou o banho gelado também levam à redução do fluxo de fluidos, como a linfa e o sangue, minimizando o acúmulo de líquido no local.

Como fazer a compressa fria?

Por mais que as compressas frias sejam excelentes para aliviar as dores após uma pancada, como pode acontecer em partidas de futebol, é preciso saber empregar a técnica do modo correto, pois ela pode ser potencialmente lesiva. O gelo, caso entre em contato direto ou prolongado com a pele, pode provocar uma queimadura por congelamento.

Por isso, o ideal é apostar em banhos gelados ou compressas feitas com panos, toalhas ou um material próprio para isso — que pode ser adquirido em farmácias e lojas de materiais de saúde. Você deve aplicá-las na região dolorida por não mais do que 15 a 20 minutos consecutivos, diversas vezes ao dia.

Outra possibilidade interessante é aproveitar as propriedades químicas de outras substâncias, como o álcool. Você pode misturá-lo com água em um daqueles sacos tipo ziploc e deixar no congelador. A vantagem é que o conteúdo não vai congelar completamente e poderá ser moldado conforme suas necessidades.

Que situações demandam a compressa fria?

Como dissemos, o grande segredo da compressa fria é que ela deve ser feita até 48 horas após o problema aparecer. No entanto, existem algumas situações específicas que costumam responder muito bem ao gelo e à subsequente diminuição do fluxo sanguíneo, do inchaço e da inflamação no local.

Entre os quadros que mais demandam baixas temperaturas, podemos destacar:

  • as pancadas e os traumas;
  • depois de cirurgias nas articulações e nos dentes;
  • após injeções intramusculares;
  • depois da realização de exercícios físicos e atividades muito intensas;
  • em exacerbação de tendinites;
  • em lesões ligamentares.

De que maneira o calor age no nosso corpo?

Não é difícil perceber que, se o gelo contrai os vasos sanguíneos e diminui o fluxo dos fluidos corporais na região em que está sendo aplicado, o calor deve ter o efeito oposto, exacerbando essas situações. Dependendo do caso e do período que sucedeu o acontecimento, isso pode ser muito benéfico para o organismo.   

Depois da fase aguda e de instalado o edema, a região afetada fica repleta de metabólitos e líquidos oriundos do processo inflamatório. Os vasos dilatados nesse momento, por sua vez, ajudarão a recolher tais componentes e a purificar a área, além de proporcionarem um grande alívio (devido ao relaxamento muscular).

Como fazer a compressa quente?

Na realidade, a compressa quente deve ser preparada com água morna e pode ser aplicada em praticamente qualquer região do corpo — desde que não haja febre, pois isso poderia aumentar a temperatura da pessoa. Obviamente, o contato direto com a pele deve ser evitado, por conta do risco de queimaduras.

Mais uma vez, o ideal é contar com um produto próprio ou utilizar um saco resistente, que deve ser enrolado em tecidos como toalhas, panos ou, até mesmo, uma fralda. O calor pode ser promovido no local de três a quatro vezes ao dia, durante 20 minutos, preferencialmente 72 horas depois da origem do problema.

Em quais casos a compressa quente é indicada?

A compressa quente, quando bem aplicada, pode melhorar a qualidade de vida de pessoas com os mais diversos tipos de problemas. Em linhas gerais, como dissemos, essa pode ser uma escolha vantajosa para os mesmos quadros em que se usa o gelo, desde que seja respeitado o período de 72 horas depois da lesão.

Além disso, as indicações mais usuais são: dores musculares, hematomas, torcicolos e lesões crônicas, como bursite e tendinite. Quadros infecciosos, a exemplo de furúnculos e espinhas severas, podem melhorar com o calor, pois ele ajuda a drenar o pus e diminuir a dor.

Como vimos, você pode usar frio ou quente para dor muscular, desde que respeite os períodos adequados para tirar o melhor proveito de cada alternativa.

E então, gostou do nosso artigo? Descubra também o que pode ser a dor muscular no pós-treino!

 

Sobre o autor

DR. EDUARDO LOUZADA DA COSTA

CRM - MG 46.264

Graduação em Medicina na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Especialização e pós graduação em Cirurgia do Joelho (FELUMA), Mestrado em Cirurgia na Faculdade de Medicina da UFMG, Fellow em Sports Medicine na Stanford University (California - USA), Coordenador do serviço de Cirurgia do Joelho do Hospital da Unimed - BH. Preceptor da Residência Médica do Hospital da Unimed - BH.